segunda-feira, 15 de abril de 2019

«fogacho ambientalista»

- quarto dia da Pausa P., na ZmaB, no Rita...;  
- W. já respondeu a uma «Frescura», que «pretendia anular depois de ter pelo menos 15, em EX.» e saber «o que vai sair»...; notável (e, do resto do Perfil, nada se diz...)

- sem filmes para ver, a tarefa da leitura dos 3 ou 4 que faltavam, na Lista das 12, para o PRoj. de L., foi facilitada; de momento, em simultâneo, termina-se «A Casa Azul», de Claudia Clemente, e «Luanda, Lisboa, Paraíso, de Djaimilia Pereira de Almeida...; também se terminou «A Alegria chegou», de A. Lucas Coelho.... 
RECORTE deste último:


O condutor do jipe é a única pessoa nas terras do Rei que fala um pouco da língua de Zu, além da tradutora, que não conduz. Apresenta-se como sub-capataz. Vem de arma ao ombro.
Zu espera nunca mais pôr os olhos nestas pessoas, depois de comprar a propriedade. Será uma micro-região duplamente libertada. Livre também das manápulas do Rei, avaliando pelo que Zu já viu. E agora vê milhares de reses, lagos artificiais, pastagens, o erro em extensão, abatendo a selva.
O sub-capataz explica que estão a avançar na direcção do rio, junto ao qual fica a mina, e daí descerão para o terreno à venda. Quando o dique rebentou, a fiscalização da reserva natural quis mostrar trabalho, conter o fogacho ambientalista na cidade. O Rei foi proibido de abater árvores em toda aquela zona que colava com a reserva, incluindo a ilha fluvial onde o leito do rio alarga. Como ia ficar com um bem mal parado, decidiu vendê-lo. Demorou, pois a quem é que interessa uma selva que não pode ser cortada?
A resposta vai aqui no jipe. Zu limita-se a ver, ouvir, não faz perguntas. Nada mais cansativo do que passar muito tempo com estranhos. E, além de estranhos, carniceiros. Só quer que tudo isto termine rapidamente.

Alexandra Lucas Coelho, A nossa alegria chegou, Companhia das Letras, 2018, pp. 111-112