segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Maçã - Organização administrativa da - Ruy Belo

[reencontro resultante do percorrer dos índices dos livros de Ruy Belo, em busca de poema, outro, não este, para «PAO»...]

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA MAÇÃ

À sombra desta árvore recente-
mente nascida só de imaginá-la
outra vez volto incorrigivelmente
e em antigas águas molho a fala

Saúdo as novas folhas como quem
nas folhas tem a vida permitida
Meta mente física consagrem
os poetas a termos vozes de partida

Loucura podre perto de Setembro
marmóreo mar em que a vista é adunca
países confundidos não me lembro

da pátria que pariu cada lembrança
e cresce organizada na criança
madura mate mais maçã que nunca



transcrito da 4.ª ed. de Boca Bllingue (1.ª ed: 1966), Presença, 1997, p. 59

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

«De que me serviu ir correr mundo» - Maria do Rosário Pedreira

[dia perdido; corrida «descontrolada» a Coimbra e ... (para esquecer)] 
[«e o Resto não se diz...»]
-mas, pelas 20 e 45, o poema de M. do R. P. dito pela própria no Vida Breve de hoje:

De que me serviu ir correr mundo,
arrastar, de cidade em cidade, um amor
que pesava mais do que mil malas; mostrar
a mil homens o teu nome escrito em mil
alfabetos e uma estampa do teu rosto
que eu julgava feliz? De que me serviu

recusar esses mil homens, e os outros mil
que fizeram de tudo para eu parar, mil
vezes me penteando as pregas do vestido
cansado de viagens, ou dizendo o seu nome
tão bonito em mil línguas que eu nunca
entenderia? Porque era apenas atrás de ti

que eu corria o mundo, era com a tua voz
nos meus ouvidos que eu arrastava o fardo
do amor de cidade em cidade, o teu nome
nos meus lábios de cidade em cidade, o teu
rosto nos meus olhos durante toda a viagem,

mas tu partias sempre na véspera de eu chegar.


Maria do Rosário Pedreira, de Nenhum nome depois, Lisboa, Gótica, 2004, p. 59

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

«Silêncio Visual» - Tolentino Mendonça

Gregory Crewdson, Untitled (Shane), from 
the  series «beneath the roses», 2006


[enviada, em Dez. de 2018, por Mestre J. L., após receber o poema abaixo, no âmbito da permuta «Qual é a Forma do Silêncio»]




[poema da semana, no quadrado]

O silêncio do jardim




O silêncio é também visual
apercebemo-nos dele no movimento
das folhas ao voltar-se
nessa espécie de caudal que se abre
semelhante a uma fronteira
ou a uma força mesmo descontando
as perdas

não há visitante a quem o jardim
não ceda o seu silêncio
e é interessante seguir a forma de cada um
subindo por esse começo

às vezes começo
às vezes partida em falso


José Tolentino  Mendonça, Teoria da fronteira, Assírio & Alvim, 2017 (maio), p. 29

domingo, 22 de outubro de 2017

Tratado da Mão: «Há silêncios que fazem muito barulho»

«para» a foto de Adriano Miranda (public. na terça)

Recorte: 
[...] Há silêncios que fazem muito, muito barulho. a fotografia de Adriano é um deles [...]

- o senhor da foto, em «obituário», a 29-01-2022, no «Público», de novo

domingo, 15 de outubro de 2017

«Je est un autre» - Manuel Alegre

ALGUÉM FALA POR MIM

Alguém se debruça sobre o que escrevo
alguém se calhar escreve por mim.
Não são teorias da literatura. Nem bruxarias.
Sequer aquilo a que não gostam que se chame
inspiração. É uma coisa física
ultimamente vem de preto
uma espécie de sombra.
Talvez a minha cabeça 
esteja cheia de duplos. Um outro é eu
etc. e tal. Mas isso é literatura.
Esse não sei quê que se debruça e roça
pode ser talvez uma alucinação.
Quem é? De onde vem?
Aposto que se lhe perguntasse
metia-se à socapa no texto
e escreveria: António.
É o que sem dar por isso
ele (ou eu) está (estou) a fazer. António:
repete. António: repito.
E a mão escreve esse nome que está e não está
escrito.


Manuel Alegre, Auto de António, Assírio & Alvim, 2017 (outubro), p. 24


[«Fala de Âlcantara e depois», da p. 12, na CASA do autor]
[artigo de J. J. Letria, de 15 - 10, no DN


quinta-feira, 12 de outubro de 2017

MAPA DO DIA + Daniel Jonas

- se, após cada REU, M. só se «acalmar» com novas..., não haverá ORÇ que resista em ano (s?) como este... (em 0001, havia...)
- mas, ontem, após a EST., lá se foi à BERT - ROMA:

- Manuel Alegre: Auto de António
- Daniel Jonas: Oblívio

de Oblívio (45 sonetos...):

NÃO CRESÇAS. NÃO AINDA. ESPERA UM POUCO.
P'ra sempre nestas linhas sê quem és.
Deter-te é contra a vida, um revés
Contranatura, eu sei, posso ser louco.
Eu sei que a vida passa e é urgente.
Eu sei que as flores se abrem prà beleza,
Não desconheço as leis da natureza,
Mas és tão de repente tu ingente!
A mão tão pequenina que me davas
E que ontem era minha hoje é tua, 
E ontem 'inda andávamos na rua
E davas-me a conchinha e a apertavas.
Pois bem, hei-de acertar meu desatino,
E em troca ser, velhinho, o teu menino.

Daniel Jonas, Oblívio, Assírio & Alvim, 2017 (Outubro), p. 55

[sublinhado acrescentado]


segunda-feira, 9 de outubro de 2017

MAPA DO DIA

- cerca das 8 e 10, 15:
-atravessou, cumprimentou a D.ª Is. (há que anos...), «aproximou-se do  «Círculo de Feras» de FUM.s (C. SPP., P. M-H., J. A. T., R. S., e  F. B.), introduzindo (para lhe fugir) o  CONGEL. [...]
- «3 lamentos à frente», vinha vindo,  uma «Ex-AA», possível «descend. do Leste», «mergulhada» nos FON...; 
estacou, porque Olhada, talvez, e disse: 
- "como está, senhor?"     (prof., não)
 - "bem... ia tão Concentrada..."
- "vou para o trabalho..."
- [provocador] "mas o seu trabalho não é aqui?" [apontando para o Paraíso 1718]
- (pesarosa? saudosa?) "já foi..., agora moro aqui perto..." [O Coro conf.: "já há mais de 3, 4, anos..."
E lá foi, sem que M. lhe conseguisse perguntar «qual Trabalho...»...
E lá se passou à referenciação dos «EX-AA» que cada um encontra nos...
[MORAL:«eles passam, os Mestres FICAM» (por Ora...)

- cerca das 11 e 35, perto do final do Qd.o do 1.º Bloco: 
- A. C.: "... pôs-me a pensar..." [feliz ficou M.] - pouco depois: "lá gastei mal 45 euros...." - após insistência, revelou que fora consultar um VID.,  e que viera de lá... (e «o resto não se diz..»)

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Actas + «Na morte de um contabilista» - G. C.

- «designado» para a Acta do C. GERONT. de ontem (2 ou 3 abaixo dos 55...), das 14 e 30 às 17 e 45, com 95% de «palavras gastas», «o novo CHBY» espera que os próximos CAST.s sejam...
- por isso, só «esporadicamente» o novo livro de Gastão Cruz o «salvou»...

NA MORTE DE UM CONTABILISTA

As contas estão feitas e decerto fechadas
(não sei se são sinónimos os termos com que tento
descrever em que ponto
final foram deixadas)

falávamos há dias das actas que faltavam
e em falta ficaram

não as irá fazer e não sei se isso importa
só se fará a acta da entrada no fogo
ou na terra,
ar e água talvez não façam falta

Gastão Cruz, Existência, 2017 (Setembro), Assírio & Alvim, p. 59 (da 3.ª secção, «Factos»)

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

603

[semana do 5 de Outubro, que bom]
- afinal, M. já se adaptou ao Qd.o «603» - do lado da sombra, neste tempo de Aquec. G...., bem bom...
- o único senão é a «Narrativa» (H. C. A.) que «emana» da  porta (aberta) da frente... [quem vai «ganhar» a Guerra das Portas?, das «Rosas», não...]
Well
- [ai, o cheiro com que entrou o primeiro Bloco, pelas 10 e 25....]