- Lilias Fraser, tb. Peres, tb. MacLean...
- antes da última «Ronda» de Envelopes, C. retomou, na p. 140, a leitura há um ano interrompida - agora sem o «respaldo» da Força Jovem de Sempre Sorrisos - que por aí andará a «desbravar» caminhos univ....;
- e lá «alcançou» Blimunda, a cerca de quatro páginas do final (XVIII cap.):
Recorte(s): [sublinhados acrescentados]
A mulher riu. Tinha um tão claro riso que Lilias julgou, por um momento, achar-se rodeada de crianças. No entanto, apesar do seu cabelo, ainda muito escuro, e do seu rosto, liso e moreno, onde brilhava a leve sugestão de emulsões orientais, vinha dela uma esplêndida velhice. Atravessara o tempo e convencera-o a separar-se dela para sempre. Olhava para Lilias com firmeza, como quem dá o último retoque numa obra que honrou a expectativa.
O quarto era pequeno e abafado, de tectos muito baixos, em abóbada. A luz esvoaçava entre as paredes, desenhando arabescos com as asas. Lilias soerguera-se do enxergão, levantada pelos olhos da mulher. [...]
A mulher disse:
- Comes e descansas, porque essa fuga não acaba aqui.
E levantou-se. Usava trapos grossos e sobrepostos. Isso não lhe dava o ar de uma mendiga. Olhava o lume. Lilias viu o sinal manchar-lhe a face, que era a face direita, a do poder.
- Como te chamas?
- Lilias Fraser, madam.
A mulher acercou-se novamente. A sua voz cantada enchia o ar como se ressoasse numa igreja. «Perdeste muito sangue. Amanhã vejo se a criança está viva na barriga.»
Lilias extinguia dentro de si mesma a vigilância de que precisara para fazer o caminho até ali. E aquela fraqueza que a tomava, em vez de a assustar, trazia o embalo da sua infância ao colo de Margaret. «Que nome tem vossemecê?»
- Blimunda - disse a mulher - Blimunda Sete-Luas.
- É um bonito nome - disse Lilias. Quis pegar-lhe na mão, porém Blimunda já não estava a seu lado. O próprio fogo se tornara invisível, devagar. [...]
A mulher disse:
- Comes e descansas, porque essa fuga não acaba aqui.
E levantou-se. Usava trapos grossos e sobrepostos. Isso não lhe dava o ar de uma mendiga. Olhava o lume. Lilias viu o sinal manchar-lhe a face, que era a face direita, a do poder.
- Como te chamas?
- Lilias Fraser, madam.
A mulher acercou-se novamente. A sua voz cantada enchia o ar como se ressoasse numa igreja. «Perdeste muito sangue. Amanhã vejo se a criança está viva na barriga.»
Lilias extinguia dentro de si mesma a vigilância de que precisara para fazer o caminho até ali. E aquela fraqueza que a tomava, em vez de a assustar, trazia o embalo da sua infância ao colo de Margaret. «Que nome tem vossemecê?»
- Blimunda - disse a mulher - Blimunda Sete-Luas.
- É um bonito nome - disse Lilias. Quis pegar-lhe na mão, porém Blimunda já não estava a seu lado. O próprio fogo se tornara invisível, devagar. [...]
Hélia Correia, Lilias Fraser (2001), 2.ª ed., Relógio D'Água, 2002, pp. 279, 280