Ontem, 9 horas.
T. escreve o habitual poema na Tela do Vizinho da Frente - Mestre J. L., pintor, da «colheita de 55», tal como T.
O Cercado
De que cor era o meu cinto de missangas, mãe
feito pelas tuas mãos
e fios do teu cabelo
cortado na lua cheia
guardado do cacimbo
no cesto trançado das coisas da avó
Onde está a panela do provérbio, mãe
a das três pernas
e asa partida
que me deste antes das chuvas grandes
no dia do noivado
De que cor era a minha voz, mãe
quando anunciava a manhã junto à cascata
e descia devagarinho pelos dias
Onde está o tempo prometido p'ra viver, mãe
se tudo se guarda e recolhe no tempo da espera
p'ra lá do cercado
T. escreve o habitual poema na Tela do Vizinho da Frente - Mestre J. L., pintor, da «colheita de 55», tal como T.
O Cercado
De que cor era o meu cinto de missangas, mãe
feito pelas tuas mãos
e fios do teu cabelo
cortado na lua cheia
guardado do cacimbo
no cesto trançado das coisas da avó
Onde está a panela do provérbio, mãe
a das três pernas
e asa partida
que me deste antes das chuvas grandes
no dia do noivado
De que cor era a minha voz, mãe
quando anunciava a manhã junto à cascata
e descia devagarinho pelos dias
Onde está o tempo prometido p'ra viver, mãe
se tudo se guarda e recolhe no tempo da espera
p'ra lá do cercado
Ana Paula Tavares (1952;-), Dizes-me coisas amargas como os frutos (2001)
[transcrito da p. 26 da edição da Caminho, de 2010 - conjunta com A cabeça de Salomé)
a) sempre paciente com T., J. L. leu o poema [para uma Plateia algo «pasmadita», diga-se]
b) informou da coleção de «provérbios nas tampas das panelas», próprias de [...] angolanas, a ver no Museu de Etnologia