- adq.o em 88, nunca lido, agora «recuperado» do «Lote de S. António», veio na Mala da Zmab»; alcançada a p. 44
RECORTE (s):
O quarto dia foi um dos mais frios daquele Inverno. Logo de manhã cedo, os primeiros chegados ao pátio aqueciam-se deslizando em torno do poço. Esperavam que na escola se acendesse o fogão, para nela entrarem.
Por trás do portão, éramos vários à espreita da chegada dos rapazes do campo. Chegavam fascinados ainda de terem atravessado paisagens cobertas de geada, de terem visto os tanques gelados, as matas por onde as lebres se safam... Traziam nas blusas um perfume a feno e estábulo, que tornava pesado o ar da aula, quando se achegavam ao fogão rubro. Naquela manhã, um deles tinha trazido num cesto um esquilo regelado, que descobrira no caminho. Recordo-me de que tentava pendurar pelas garras ao poste do claustro o bicho retesado...
Depois, a enfadonha aula de Inverno começou...
Uma pancada brusca nas vidraças fez-nos erguer as cabeças. De pé junto à porta, vimos o grande Meaulnes sacudindo, antes de entrar, a geada da blusa, de cabeça aprumada e como que deslumbrado! [...]
Alain-Fournier (1886 - 1914) O grande Meaulnes (1913), p. 39 [Capítulo VI, «Batem nas vidraças»]