domingo, 7 de março de 2021

Tratado da Mão + «NA LUZ A PRUMO»

Foto de Adriano Miranda, «Público» de hoje

[em «2021 - COV», com 2 «VDC's», pouco tempo há para E. de A. (ontem, sexta, 12, uma Qd.a «amputou» o Nome do «de» - houve logo «sapatada»...]; E. relê do Fim para o Princípio...; terá sido o último poema?]

NA LUZ A PRUMO

Se as mãos pudessem (as tuas,
as minhas) rasgar o nevoeiro,
entrar na luz a prumo.
Se a voz viesse. Não uma qualquer:
a tua, e na manhã voasse.
E de júbilo cantasse.
Com as tuas mãos, e as minhas,
pudesse entrar no azul, qualquer
azul: o do mar,
o do céu, o da rasteirinha canção
de água corrente. E com elas subisse.
(A ave, as mãos, a voz.)
E fossem chama. Quase.

Transcrito das pp. 603, 604 da ed. de Poesia de 2005; de Os sulcos da sede, 2001