[há dias, a abrir o 1.º Qd.o, E. perguntou a D., «AAA», isto é, «alemão-austríaco-alentejano», se sabia o que era, e para que servia, o «Postigo...»
- «ora aí está», um vocábulo «em desuso» adquiriu todo um novo Campo Semântico, até em Crónica de Miguel Esteves Cardoso: «Fala-me ao Postigo»
[+ Quiosque + Balcão + Encosto + Cotovelos...]
[+ Quiosque + Balcão + Encosto + Cotovelos...]
RECORTES:
[...] O postigo é o filho pródigo da pandemia. À volta do
postigo, os portugueses podem pegar num café, segurá-lo nas mãos e, enquanto beberricam,
congregar
O português é postigueiro porque o português é gregário. O
postigo está-nos no sangue. Parece uma coisa boa - [...] - mas é ancestral.
[...] O renascimento do postigo veio despertar um atavismo
que julgáramos perdido. Tinha florescido com a cultura do guichet - [...] - mas a introdução das esplanadas [...] veio acabar com os nossos doces hábitos congregativos. Agora a questão é saber se o postigo poderá sobreviver à pandemia.
É que o pessoal reapaixonou-se pelos postigos, [...]Será difícil arrancá-los outra vez dos nossos cotovelos.
Pessoa, «Quadras populares»:
Quando é o tempo do trigo
É o tempo de trigar.
A verdade é um postigo
A que ninguém vem falar.