domingo, 14 de março de 2021

«andar ao Postigo...» + «A verdade é um postigo»

[há dias, a abrir o 1.º Qd.o, E. perguntou a D.,  «AAA», isto é, «alemão-austríaco-alentejano», se sabia o que era, e para que servia, o «Postigo...» 

- «ora aí está», um vocábulo «em desuso» adquiriu todo um novo Campo Semântico, até em Crónica de Miguel Esteves Cardoso: «Fala-me ao Postigo»
[+ Quiosque + Balcão + Encosto + Cotovelos...]

RECORTES:

[...] O postigo é o filho pródigo da pandemia. À volta do postigo, os portugueses podem pegar num café, segurá-lo nas mãos e, enquanto beberricam, congregar
O português é postigueiro porque o português é gregário. O postigo está-nos no sangue. Parece uma coisa boa - [...] - mas é ancestral.
[...] O renascimento do postigo veio despertar um atavismo que julgáramos perdido. Tinha florescido com a cultura do guichet - [...]  - mas a introdução das esplanadas [...] veio acabar com os nossos doces hábitos congregativos. Agora a questão é saber se o postigo poderá sobreviver à pandemia. É que o pessoal reapaixonou-se pelos postigos, [...]
Será difícil arrancá-los outra vez dos nossos cotovelos.

Pessoa, «Quadras populares»:

Quando é o tempo do trigo

É o tempo de trigar.

A verdade é um postigo

A que ninguém vem falar.