[o 2.º Q.do de 1718 apresenta o habitual Perfil das «50-50»[...]; ontem, uma das VDT.s , «brandindo» uma das «listagens senianas»:
«Ó M., já ouviu falar de Jorge de Sena?» [Santíssima ARROG...] ... lá foi M. «reler qualquer coisinha...»]
«EXAME»
I
Estendo as mãos
eternamente as minhas mãos
e toco a realidade sem acreditar nela.
Há casos em que as mãos não perdem a luminosidade.
A crença que eu tenha vai delicadamente sobre elas
buscando a própria extensão com que as enchi.
II
Realmente existe um mármore como existe um desgosto.
E a força que distrai os homens visíveis da presença ambulante
é comum às pedras e em especial aos mármores
na apreensão da mínima diferença.
III
De mim conservo as mãos erguidas em redor do teu rosto,
e do teu rosto a praia extensa que o vento alisou para sempre
Não há pegadas senão o ruído das ondas.
I
Estendo as mãos
eternamente as minhas mãos
e toco a realidade sem acreditar nela.
Há casos em que as mãos não perdem a luminosidade.
A crença que eu tenha vai delicadamente sobre elas
buscando a própria extensão com que as enchi.
II
Realmente existe um mármore como existe um desgosto.
E a força que distrai os homens visíveis da presença ambulante
é comum às pedras e em especial aos mármores
na apreensão da mínima diferença.
III
De mim conservo as mãos erguidas em redor do teu rosto,
e do teu rosto a praia extensa que o vento alisou para sempre
Não há pegadas senão o ruído das ondas.
Jorge de Sena, Coroa da terra, 1946
[livro reeditado em Maio de 2021: aleluia]