[é tarde, num domingo só de trabalho; é tempo de Envelopes - última Série ...; - de três Gavetas do COMP. surgiram conjuntos de poemas de Sophia - V. já não se lembra para que «efeito» terá sido ...]
ESPERA
Deito-me tarde
Espero por uma
espécie de silêncio
Que nunca chega
cedo
Espero a atenção
a concentração da hora tardia
Ardente e nua
É então que os
espelhos acendem o seu segundo brilho
É então que se
vê o desenho do vazio
É então que se
vê subitamente
A nossa própria
mão poisada sobre a mesa
É então que se
vê o passar do silêncio
Navegação
antiquíssima e solene
Sophia de Mello Breyner Andresen, Geografia, 1967