domingo, 8 de dezembro de 2013

Voltaire (o senhor) - Gonçalo M. Tavares

[S. não costuma adquirir o «DN», ao Domingo - excepto no Verão - ou hoje, num passeio-intervalo-dos-«extraordinários»-Envelopes - para combater o Gelo - 11:00 às 11: 30 - esteve certa,  a leitura dessa «pausa»]
Recortes:
[...]
O senhor Voltaire disse:
[...]
(outra foto)
Como se vê por esta foto - disse o senhor Voltaire - em 1955, já há cortinados feios, e o rádio encontra-se no canto do quarto, e o quarto encontra-se no canto da casa, e a casa encontra-se no canto do bairro, e o bairro encontra-se no canto da cidade. Portanto, o rádio é o único centro das vidas que foram empurradas para a periferia. O rádio traz notícias do centro e assim o ouvido das pessoas que vivem na periferia torna-se uma parte fisiologicamente central, fisiologicamente actualizada.
(outra foto)
Em 1956, em plena cozinha, uma máquina muito grande executava uma função muito pequena. Mais tarde, o tamanho das máquinas diminuiu e as funções aumentaram. Até ao ponto em que a máquina desaparecerá no meio da paisagem [...]
(outra foto)
Diz o senhor Voltaire:
Como se vê, os homens usam muito bigode, dividindo o rosto em dois; e a inteligência fica para cima e as palavras para baixo. E, separadas que estão as duas partes, é natural que o homem diga futilidades, mas pense profundamente.

Gonçalo M. Tavares, «O senhor Voltaire e o século XX - rádio e bigode», «Notícias Magazine, n.º 1124, 08 - 12 - 2013, p. 98

Outras, da mesma «série» - AQUI