quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

FRio + Pensar + Corpo + Peso - Gonçalo M. Tavares

Recortes de «Frio em dezembro e hotéis», Visão, n.º 1086, 26-12-2013, p. 10
 
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No calor o nosso corpo afasta-se de nós, afasta-se do centro. Está para ali à minha frente ou ao meu lado. No frio, pelo contrário, o corpo torna-se aquilo que eu quero proteger e aquilo que me protege. Por isso é que nos apertamos muito no inverno, no exterior. Temos de fazer duas opções opostas ao mesmo tempo. Proteger e ser protegido. No inverno, o corpo ocupa menos espaço. De facto, é impossível exigir reflexão a um povo que viva debaixo do sol e do calor permanentes. Acima de trinta graus de temperatura, filosofar é perder a vida e o exterior. Abaixo de oito graus, não pensar é não ter cabeça.
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É preciso materializar as ideias. Colocar comprimento, largura e volume numa ideia. [...] Toda a ideia terá peso concreto ou nada terá. Só o peso concreto dá peso espiritual; só o peso concreto dá peso potencial. Quanto pesa a tua ideia?
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