Poema ao sábado                                                    Inédito  
Soneto de formol de D. Pedro para D. Inês de Castro
Não é por ainda te amar
 que te coroo depois de morta:
 tivesse-te amado um pouco mais
 e talvez a casa tivesse sido velada,
 e tu coroada rainha em vida
 para que todos os homens
 te admirassem enquanto eras bela,
 e não agora que és só um cadáver.
 Trouxe-te à superfície não porque te amo,
 mas porque te amei na minha euforia;
 desenterrei-te não para te dar vida,
 mas para me conformar que estás morta,
 e quero que todos os homens te chorem
 para que não me fuja essa certeza.
David Teixeira [...] nasceu em 1990, em S. Pedro do Sul. Tem um livro pronto a editar, que se intitulará Pródromo. O poema que aqui se transcreve é o primeiro que publica.
Público, P2, 24-12-2011, p. 9