sábado, 24 de maio de 2025

«MÃO ARMADA», Marta Chaves

MÃO ARMADA

Faço assaltos à minha vida, 
como se não fosse minha,
como se não fosse o assalto
a tirar-me do lugar.

Faço leituras que me descolam do espaço,
consciente de certas sensações
e da impressão de saber coisas que não sei.

Faço intervalos dentro do intervalo,
corto a realidade para entrar na realidade
com outros olhos e o mesmo coração.

Consola-me a retirada que tudo promete.

                                                         Marta Chaves, Intervalo, 2025 (Maio), p. 22