MÃO ARMADA
Faço assaltos à minha vida,
como se não fosse minha,
como se não fosse o assalto
a tirar-me do lugar.
Faço leituras que me descolam do espaço,
consciente de certas sensações
e da impressão de saber coisas que não sei.
Faço intervalos dentro do intervalo,
corto a realidade para entrar na realidade
com outros olhos e o mesmo coração.
Consola-me a retirada que tudo promete.
Marta Chaves, Intervalo, 2025 (Maio), p. 22